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terça-feira, 19 de março de 2013

8 de março: um dia para lembrar a história e motivar novas conquistas da luta feminina

Painel produzido pelas servidoras Jaqueline e Ana Paula foi instalado na
 sala de espera do CREAS para recepcionar as usuárias durante a
Semana da Mulher 2013. As flores menores foram distribuídas
às mulheres que frequentam o Centro de Referência.
            A data de 8 de março foi estabelecida para comemorar o Dia Internacional da Mulher. O objetivo não é apenas comemorar, mas na maioria dos países realizam-se conferências, debates e reuniões a fim de discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia, terminar com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
            Outra data muito significativa na história da mulher brasileira é o dia 24 de fevereiro de 1932, quando foi instituído o voto feminino. Naquela data as mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo. Atualmente muitas são as funções desempenhadas por mulheres nas esferas municipais, estaduais e federais de poder. Isto é fruto de lutas e grande esforço feminino, de tantas mulheres que sempre precisaram e ainda precisam provar que são capazes com superações diárias.
            Seria possível enumerar ainda diversas outras datas e momentos em toda esta caminhada, mas o que se pretende não é fazer uma retrospectiva histórica e, sim, chamar a atenção do leitor para o comportamento da sociedade no cotidiano atual. As diferenças no que se refere ao aspecto dos gêneros e preconceitos que o sexo feminino ainda enfrenta desde tenra idade decorrem da educação, que continua transmitindo certos conceitos que acabam por excluir ou colocar limitações no decorrer do desenvolvimento da mulher.
Há, por exemplo, questões que diariamente as famílias, a escola e a sociedade em geral verbalizam: “os meninos são fortes, não choram”; “você é menina, precisa saber fazer as coisas dentro de casa”. Ou, ainda, determinam-se algumas tarefas para os meninos e outras para as meninas, contribuindo para que a mulher seja colocada numa posição de desvalorização. Estas e tantas outras situações, aparentemente simples e inocentes, estimulam pessoas de ambos os sexos a crescer acreditando em limitações no comportamento da mulher. É necessário compreender que as diferenças de gênero existem do ponto de vista biológico. Em relação à capacidade para desempenhar qualquer atividade ou no tocante a direitos, à decisão e às escolhas em geral, as discriminações devem ser afastadas cada vez mais do processo educacional que se inicia no seio familiar.
Alguns estudiosos do tema acreditam que um dos problemas é que a mulher jamais foi treinada para a liberdade e, sim, para a dependência. Presume-se que isso é fruto da educação dada às meninas, ensinadas a ser dependentes de bons ou seguros casamentos, tendo um marido que lhe dê segurança psicológica e financeira. Porém, nem sempre estas relações oferecem a segurança que as mulheres imaginam encontrar, pois além da dependência financeira, muitas delas vivenciam também, situações de violência física ou até mesmo psicológica, fazendo-as acreditarem que não possuem condições de buscar sua autonomia e liberdade. Na verdade, o casamento é um laço de união tão forte entre duas pessoas, que o homem autor de violências e desrespeito contra sua companheira está também fazendo isso contra si mesmo, ainda que ele assim não o considere.
Essa atitude é consequência das condições impostas pela própria sociedade e é a partir da consciência desta realidade que é preciso lutar, buscando recursos e auxilio para romper com as barreiras ainda existentes. Muitos são os serviços estruturados, dispondo de profissionais capacitados que atuam com a finalidade de auxiliar e orientar as mulheres que se encontram aprisionadas em seu próprio lar. Leis foram criadas e Instituições são preparadas para oferecer alternativas adequadas para as mulheres que desejam reconstruir suas próprias vidas e contribuir com a história de conquistas que vem sendo escrita ao longo dos anos.
Hoje em dia já se reconhece que as mulheres são iguais em tudo, na habilidade de votar, trabalhar ou mesmo governar um país. Mas não se pode esquecer o que esse reconhecimento custou. Por isso, o Dia da Mulher, é um dia em que essa mensagem de reconhecimento precisa ser lembrada e divulgada em todo o mundo, de maneira a conquistar mais avanços a partir de pequenas iniciativas que indivíduos, famílias, grupos e sociedade podem adotar.

Autoras: Melissa Roversi Correa e Giane Uhde, psicólogas do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)